Paulo Izael
Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo.
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ATÉ O MAIS AMARGO FIM!

Era uma tarde tão deplorável,
Que me vi numa sucessão de decepções.
Eu estava rodeado por inúmeras amarguras,
Tantos fracassos adicionados à trajetória letárgica.
A comoção foi tanta, e duradoura,
Que avistei o sol entristecer,
E derramar lágrimas em fogo
Sobre meu gélido coração descompassado.
Reverenciei o descaminho da solidão
Mergulhando no mar da incompreensão.
Ingeri uísque barato com líquido viscoso
E senti o gosto letal percorrer minhas veias.
Incrédulo, o sol abandonou-me,
Beijando a face romântica da lua.
Atracaram-se num duradouro abraço.
As nuvens aplaudiram causando estrondo.
Eu olhava a esmo, não fixava o olhar.
O corpo parecia estar paralisado.
A ruína estava presente em meu pensar.
Todas as esperanças esbarradas na ingratidão.
Tentei pensar, não reunia forças para raciocinar.
Minha mente confundia-se nos desenganos.
Talvez aquilo fosse parte de provações,
Mas eu já suportara inúmeros sofrimentos;
Já não conseguia gritar, chorar ou reclamar.
Abafados soluços rangiam os dentes.
o frio latejante não incomodava, era apenas um detalhe
Frente ao suplício imposto pela tristeza que castigava.
Naquele momento morria minha intenção de vida.
Vi-me desprezível e descontinuado.
Nunca o desânimo fora tão acentuado.
Inverdades e desencontros afloravam na dor
E exaltavam a ardência no esmaecido coração,
Trazendo lembranças indesejáveis que não mais
Aturdiam a minha extensa sofreguidão.
Ainda tentei relutar contra o desalento,
Mas findei por aceitar e amargar a imposta derrota.
Senti um forte soco implodir no coração...
A taquicardia escurecia meu mundo sem piedade.
Trôpego, cambaleei, abracei o vazio e sucumbi.
Num último esforço, busquei a desgraça enfumaçada.
o efeito entorpecente foi imediato e implacável.
Aspirei todos os malefícios da vida e absorvi a loucura.
O copo equilibrava-se junto aos trêmulos dedos.
Vi-me sorrir e chorar, com os olhos cansados e enevoados.
Em seguida ateei fogo em meus molambos
E senti a temperatura do esquelético corpo implodir.
Meus olhos não mais fotografavam a vida.
Em ziguezague, fui apanhado por um tropeço e adormeci.
Acordei em meio a um tumulto; médicos me fitavam.
Eu estava a ponto de ser objeto de estudo,
Fui esquartejado vivo e devorado por bisturis.
Paralisado, assisti a minha própria autopsia.
Lá fora, podia-se ouvir um tétrico canto fúnebre,
Produzido por pássaros raquíticos e encardidos
Que tingiam de negro o lastimável amanhecer.
Nunca soube se feneci,
Ou continuo em atividade improdutiva!
Não avistei minha aura tingida com cores da esperança,
O fio que a sustentava não era de aço,
Estava totalmente enegrecido a prestes a se romper.
Talvez em outro plano inferior ou superior;
Na penumbra do limbo ou clareado pela luz do aprendizado,
Eu seja notificado se fui salvo, talvez apenado;
Ou ainda esteja vagando sem rumo,
Assombrado, ou fazendo assombração.


"escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo"


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Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 03/07/2010
Alterado em 11/07/2010
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